Alban Maria Johannes Berg nasceu em Viena em 9 de fevereiro de 1885. Era homem de muita cultura literária e artística, ligado aos círculos da vanguarda vienense de então: o escritor satírico Karl Kraus, o pintor e poeta Oskar Kokoschka, o arquiteto adolf Loos. Recebeu influência decisiva, já antes da I Guerra Mundial, do Expressionismo alemão, então incipiente.

Dedicando-se ao estudo da música, aderiu ao equivalente musical do Expressionismo, à escola de arnold Schönberg, de quem se tornou o discípulo mais fiel. Suas obras participaram do destino das do seu mestre: foram radicalmente recusadas pelo público, que só percebeu, no atonalismo e depois no dodecafonismo, cacofonias horrendas e estruturas abstrusas, incompreensíveis.

Berg foi durante toda a sua vida, homem de saúde delicada, sujeito à várias doenças e alergias. A picada de um inseto causou uma intoxicação no sangue e a morte do compositor, no dia 24 de dezembro de 1935, em Viena.

Berg é o único compositor do grupo de Viena (Schönberg e seus discípulos mais chegados, Berg e anton von Webern) que teve posteriormente bom sucesso e plena aceitação pelo público. Um crítico formulou esse fato da maneira seguinte: 'Berg é a melhor obra de Schönberg'. Na verdade, sua arte é menos intransigente que a de Schönberg e menos absoluta que a de Webern. Permite associações literárias e, no sentido mais amplo da palavra, sociais, que facilitam a compreensão e provocam o interesse mesmo dos que não conseguem acompanhar o desenvolvimento musical. Berg é, entre os três, o mais expressionista, não renegando um vestígio de romantismo.

A obra capital de Berg é a ópera Wozzeck, terminada em 1921. Usou como libreto o texto integral do drama Wozzeck, escrito em 1836 pelo dramaturgo Georg Büchner (1813-1837), que os expressionistas tinham redescoberto.

O enredo aproveita um crime passional, perpetrado no tempo de Büchner, por um soldado, humilhado e maltratado. Inspirou simpatias aos expressionistas e aos sentimentos sociais de Berg. À abrupta e deliberadamente incoerente forma dramática da obra e aos seus elementos folclóricos e revolucionários corresponde uma música que ainda, não dodecafônica, mas atonal. Mas esse atonalismo, assim como o romantismo revolucionário do drama, é, na ópera de Berg, disciplinado pela adoção de formas rigorosas da música pré-clássica. A obra, embora pioneira, é a artisticamente mais perfeita que saiu da escola de Schönberg. Wozzeck foi, na época, recusado pelos teatros de ópera.

Berg avançou ainda mais, adotando o dodecafonismo do seu mestre, primeiro na ária para concerto O vinho (1929), cuja letra é a tradução, para o alemão, de um poema de Baudelaire. Os últimos anos de sua vida Berg dedicou-os à composição da ópera Lulu, a primeira ópera em estilo rigorosamente dodecafônico. Escreveu ele próprio o libreto, condensação das duas peças Espírito da terra (1903) e a caixa de pandora (1904) de Frank Wedekind. É obra de um realismo inédito no teatro de ópera, dir-se-ia escrita em estilo coloquial. A ópera ficou incompleta, sendo que a última cena sé existe em forma de uma peça orquestral. Berg não chegou a terminar o trabalho, porque os últimos meses de sua vida foram ocupados pela composição do Concerto para violino (1935). Esse concerto, escrito em técnica dodecafônica, é uma das obras principais da escola de Viena e da literatura violinística moderna.

Berg, que teve tão pouco sucesso em vida, é hoje um dos compositores modernos mais executados. Wozzeck é a única ópera moderna que se mantém permanentemente no repertório das grandes casas de ópera, tendo sido aceita pelo público. O Concerto para violino é uma das obras mais executadas da música moderna. A crítica musical explica esse sucesso, algo inesperado, do compositor, pelo seu romantismo inato. Por isso mesmo as novas gerações de músicos preferem a arte mais severa de Webern.