Giulio Caccini nasceu em Roma, em c.1545. Cantor célebre da corte dos Médicis, em Florença, era visita assídua da casa do conde Bardi, mecenas erudito que, entre 1576 e 1592, reunia no seu palácio fiorentino os espíritos mais elevados e os talentos mais ilustres. Um vento de humanismo musical soprava nas reuniões, que se tornaram célebres, desta camerata Bardi.

Sob o impulso de V.Galibi, que tinha estudado aristóxeno e publicado - sem o poder de decifrar - a notação de três hinos tardios atribuídos à Masomedes, declaravam-se partidários da música monódica dos gregos antigos, cujas características imaginavam para as oporem à polifonia tradicional.

Caccini foi, com Péri, um dos compositores notáveis da camerata: os dois apresentavam obras compostas segundo princípios novos, num estilo monódico, essencialmente dramático, conhecido como Stile rappresentativo. Tratava-se, segundo o prefácio dos Nuove musiche, de Caccini, de "falar em música".

Podem ver-se nestas experiências os primeiros passos da música dramática moderna - ópera e oratório. Caccini, no entanto, orientou-se rapidamente - ao contrário de Péri - para uma ordem melódica ornamentada, muito mais lírica do que dramática, que está na origem do bel canto.

Nas suas recolhas de árias e madrigais - mais ainda do que nas suas "pastorais em música" -, a parte melódica contém embelezamentos "expressivos" ou "afetivos" chamados gorge, cuja explicação é dada pelo autor no importante prefácio da coletânea de 1601, texto capital para a história do canto.

Passou quase toda a vida em Florença, com exceção de uma estada de alguns meses na França (1604-1605), a convite de Maria de Médicis. Caccini morreu em Florença, em 10 de dezembro de 1618.

Escreveu pastorais ou intermezzos: Dafne - perdido, Il rapimento di Cefalo (1600), em colaboração com vários outros músicos - Palazzo, Vecchio, Euridice (1602) com Palazzo, Pitti.

Coleções de árias e madrigais: no estilo novo da monodia acompanhada - com instrumento que se quiser: tiorba, quitarão, cravo -: Nuove musiche (1601), ária para uma voz e baixo contínuo e madrigais escritos para várias vozes, Fuggilotio musicale (1613) para uma ou duas vozes com baixo contínuo, Nuove musiche e nuova maniera de scriverle (1614) para uma voz com baixo contínuo.