Dom Pedro de Cristo nasceu em Coimbra (Portugal) em c.1550. Passou a maior parte de sua vida em Coimbra, no Mosteiro de Santa Cruz, onde foi professor em 1571, embora tivesse estado também no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa, pertencente à mesma congregação.
Mestre de capela do mosteiro, cargo de que foi titular a partir de 1597, Dom Pedro de Cristo foi ao mesmo tempo professor de música, cantor e tangedor de vários instrumentos, nomeadamente de tecla, harpa e flauta. Morreu em Coimbra, em 16 de dezembro de 1618.
Dom Pedro de Cristo - cujo nome secular era Domingos - pode ser considerado um dos maiores polifonistas do século XVI no domínio da música religiosa. É como compositor que tem o seu lugar na história, com a sua vasta obra vocal polifônica de 3 a 6 vozes, compreendida por inúmeros motetos, responsórios, salmos, missas, hinos, paixões, lamentações, versos aleluiáticos, cânticos e vilancicos espirituais.
Pouco conhecido, em virtude da sua obra não ter sido ainda publicada na quase totalidade, é possível, todavia, avaliar da qualidade e número de suas obras através do que foi publicado sobre ele por Ernesto Gonçalves de Pinho em Santa Cruz de Coimbra - Centro de atividade musical dos séculos XVI e XVII com alguns dados biográficos inéditos e uma informção valiosa sobre as obras, ainda manuscritas deste frade crúzio.
Das 220 peças que compõe a totalidade destas espécies, apenas uma dúzia e meia foi publicada em notação musical atual. Elaboradas com simplicidade e elegância, inspiradas ou não na temática gregoriana, mantendo, por um lado, aquela técnica rigorosa herdada da maneira de compor quatrocentista de influência flamenga, conseguiu, por outro lado, libertar-se dos apertados esquemas de imitação nas linhas melódicas, de forma a produzir um contraponto de construção sóbria afastada dos grandes efeitos, mas que realça com clareza a palavra do texto sagrado.
As obras de Dom Pedro de Cristo conservam todo o elevado sentido espiritual da oração cantada dirigida a Deus, em que a profunda religiosidade e o simbolismo cristão de inspiração humanista se moldam na perfeição formal da polifonia do Renascimento.