Luís Maria da Costa de Freitas Branco nasceu em Lisboa, em 12 de outubro de 1890 e morreu em Lisboa, em 27 de novembro de 1955. Compositor, professor, musicólogo e crítico musical, Freitas Branco deixou-nos uma vasta obra nos diversos domínios da música. a sua influência sente-se, sobretudo, na música instrumental numa época em que quase toda a produção musical portuguesa se confinava ao teatro. A sua atividade insere-se no amplo movimento renovador das artes e das letras em que impera um estilo sinfônico de feição clássica, mas a que não é alheio um certo modernismo.

Os seus trabalhos como crítico e publicista podem ler-se nos diversos periódicos da capital portuguesa, onde mantinha regularmente a sua colaboração. Fundou e dirigiu, desde 1929 a 1948, a revista arte musical e, em 1950, dirigiu a Gazeta Musical, órgão da academia dos amadores de Música.

Dentro das matérias curriculares do ensino da música, deve-se-lhe a introdução de algumas disciplinas e alterações na orientação de outras. A sua importância como musicólogo advém, sobretudo, do fato de reconhecer mérito a música vocal portuguesa dos séculos XVI e XVII, abrindo caminho à investigação neste domínio. Escreveu algumas obras teóricas das quais se destacam um Tratado de harmonia (1930), Elementos de ciências musicais (1920), manuais escolares (acústica e história da música, 1930), uma História popular da música (1943) e algumas monografias.

A sua obra musical abrange os mais diversos gêneros e formas. Não cabendo aqui uma lista exaustiva de todas as suas composições, citam-se apenas as mais significativas: Sinfonia em fá maior, Sinfonia em si bemol menor, Sinfonia em mi menor, Sinfonia em ré maior, Sinfonia em si menor - Do trabalho (com coros no movimento final); poemas sinfônicos: Paraísos artificiais, Vathek, Viriato, Depois de uma leitura de antero de Quental, Tentações de S. Frei Gil; 2 Suítes alentejanas, Peças em forma de polaca, abertura 1640, Variações sobre um tema original e fuga tríplice para cordas e órgão; música coral sinfônica: Manfredo (sinfonia dramática) e Noemi (cantata); um concerto para violino, Balada, Cena lírica, sonatas para violino ou violoncelo e piano, variadas obras para piano, para órgão, e para vozes ou vozes e órgão.

Algumas destas são de música religiosa, mas é muito maior a sua produção no domínio da música vocal não religiosa sendo de destacar entre estas os Madrigais camonianos (quer para coro masculino, quer para coro feminino), a idéia, Trilogia da morte, Despedida, Canto do mar e Canto divinal. São ainda de se salientar as numerosas harmonizações de canções populares portuguesas para vozes, voz e piano ou orquestra. Entre os poetas portugueses que ele trabalhou, encontram-se Camões, antero de Quental, a.Correia de Oliveira, a.Sardinha, Eugênio de Castro, Mário Beirão, etc., e também alguns estrangeiros.