André Modeste Grétry nasceu em Liege (Bélgica), em fevereiro de 1741. Filho de um modesto violinista de igreja, não mostrava qualquer propensão para a música. No entanto, foi admitido como corista da igreja de Saint Dinis, em Liege, de onde foi despedido ao fim de dois anos. Em seguida, estudou de modo desordenado com vários professores que , um a um, foram renunciando a ensinar-lhe fosse o que fosse de harmonia, contraponto ou orquestração.
No entanto, a sua vocação musical manifestara-se após a audição de umas óperas bufas napolitanas representadas por uma companhia italiana. Com efeito, tornou-se num músico de teatro e o seu talento, essencialmente melódico, consistiu em conciliar o bel canto, tal como se cultivava na Itália, e os imperativos da prosodia francesa ou da justa expressão dramática. Entre 1759 e 1766, viveu em Roma, graças a uma bolsa. Nesta cidade trabalhou, durante dois anos, com Casali.
Depois, partiu para Paris, passando por Géneve, onde foi, durante um ano, professor de canto (tornou-se amigo de Voltaire, que o achava espirituoso). Em Paris, estreiou-se com um insucesso. Depois, como o êxito surgiu rapidamente com os bons libretos (nomeadamente de Marmontel e, mais tarde, Sadaine e um libreto da autoria do futuro Luís XVIII, La caravane du Caire) compões regularmente obras agradáveis para a Comédia Italiana e, depois, para a Ópera e a Ópera Cômica.
Membro do Instituto desde a sua fundação, em 1795, Napoleão nomeou-o como cavaleiro da Legião de Honra, em 1802, pouco depois da fundação da ordem. Por fim, teve a honra de, em vida, dar o nome a uma rua próxima da Comédia Italiana. Grétry terminou seus dias perto de Montmorency (França), em 24 de setembro de 1813, no eremitério de J.J.Rousseau, que tinha comprado.
'Fazia graça e não música' dizia Méhul. No entanto, uma veia melódica fecunda e um sentido profundo da expressão dramática, permitiram-lhe, apesar da textura harmônica e da instrumentação pouco satisfatórias, realizar algumas obras-primas da ópera cômica francesa, especialmente Le tableau parlant e Richard Couer de Lion. Escreveu cerca de 70 óperas cômicas e algumas óperas sérias, várias obras instrumentais (que ficaram em manuscrito), obras literárias, entre elas, as Memórias.