Paul Hindemith nasceu em Hanau, Hesse (alemanha), em 16 de novembro de 1895. A oposição suscitada pela sua vocação musical deu-lhe a coragem para abandonar, aos onze anos, a casa da família. Estudou sob a direção de a.Mendelssohn e de B.Sekles, no Conservatório de Franckfurt e, aos vinte anos, foi nomeado violinista solista da Ópera de Franckfurt. Em 1923, fundou o quarteto Hindemith, onde tocava viola. Realizou, então, numerosas excursões, quer com o quarteto, quer como solista (tornou-se um notável virtuose da viola e, em 1929, deu a primeira audição do Concerto, de Walton).

Ao mesmo tempo começou a adquirir a reputação como compositor, graças a SIMC e ao festival de Donauenschingen. Em 1927, foi nomeado professor da Hochschule fur Musik em Berlim. Mas, a partir da eclosão do nazismo, foi considerado persona non grata. Não só mantinha relações com músicos de todas as tendências (incluindo alguns judeus), como "perverteu da forma mais vil a música alemã" e o seu êxito "não tem qualquer valor para o nosso movimento" (Die musik, Janeiro de 1935).

O próprio Goebbels interveio para denegrir a ópera Neus von tage onde o músico "ousou profanar o palco com as mais abnomináveis dissonâncias, provas de impotência musical". Hindemith perdeu o seu lugar em Berlim e a sua música dixou de ser tocada na alemanha. Fez numerosas viagens pelo estrangeiro, nomeadamente na Turquia, onde foi encarregado de organizar a vida musical do país e, em 1939, instalou-se definitivamente nos Estados Unidos onde foi chefe do departamento musical da Universidade de Yale, entre 1942 e 1945.

Regressou à Europa depois da guerra, mas recusou o lugar de diretor na Hochschule de Berlim e foi nomeado, pouco depois, chefe do departamento musical da Universidade de Zurique. Hindemith morreu em Franckfurt (alemanha), em 28 de dezembro de 1963.

A sua música é a de um homem sério, voluntarioso, que possui uma grande técnica mas, ao mesmo tempo, muito eclético e de temperamento alegre. As suas primeiras obras, essencialmente contrapontísticas, têm origem num neo-classicismo austero que exclui toda a sensualidade (por exemplo, Kammermusik n.º 2). a partir de 1930, o estilo da maturidade plena, caracteriza-se por uma maior amplidão e convicção quente, e pela exploração de um novo sistema pessoal baseado, mais uma vez, na série dos primeiros harmônicos naturais.

Os princípios fundamentais deste sistema, que estabelece uma hierarquia muito artificial dos intervalos, estão expostos na obra Unterweisung im Tonsatz. A análise de Hindemith, muito incompleta do ponto de vista científico e filosófico, é uma reedição da inocência de Rosseau para quem a Natureza (muito sumariamente observada, na verdade) contém as únicas justificativas de um sistema estético coerente.

Obra considerável: 8 óperas (entre elas, Mathis der maler e Harmonie der welt), 3 bailados (entre os quais figura Nobilissima visione), grandes obras corais (entre elas, apparebit repentita dies), coros a capela, numerosos lieder (com piano ou conjunto instrumental), 3 sinfonias (mais as sinfonias extraídas das duas óperas referidas), Metamorfoses sinfônicas de temas de Weber, numerosos concertos (violino, viola, violoncelo, piano, clarinete, trompa, trompete, órgão), Concertos de câmara (6): n.º 1 para cordas, n.º 2 para piano, n.º 3 para violoncelo, n.º 4 para violino, n.º 5 para viola, n.º 6 para viola d'amore, Os quatro temperamentos (tema e variação para quarteto para piano), 7 quarteto para cordas, 4 sonatas para diversos instrumentos de sopro, Ludus tonalis para piano (com fins didáticos), Gebrauchmusik (música funcional), obras para orquestra de amadores.

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