Domenico Scarlatti nasceu em Nápoles (Itália) em 26 de outubro de 1685. Foi aluno de seu pai, alessandro, e depois de Gasparini, em Veneza (1708). Entretanto, talvez tenha estudado com Greco no Conservatório de Poveri de Jesus Cristo, cuja influência sofreu certamente.
Em 1701, já era organista da capela real em Nápoles, onde seu pai era mestre de capela. Após uma breve estada na companhia deste último na corte da Toscânia (1702), estreou em Nápoles como compositor de óperas. Em 1705 parte para Veneza onde faz amizade com Händel. Durante toda a vida, os dois músicos manteriam uma profunda admiração um pelo outro. Um pouco mais tarde foi para Roma.
Entre 1709 e 1714 esteve a serviço da rainha Maria Casimira da Polônia, para quem compõe uma série de sete óperas. Em seguida, tornou-se mestre de capela do embaixador português e da capela Giulia (1715-1719). Deixou o seu lugar no Vaticano em 1719 com o pretexto de viajar para a Inglaterra - onde acabara de fixar o seu tio Francesco. Mas nada prova que para lá tenha ido.
Em 1720 esteve em Portugal, mas sua nomeação de mestre de capela da corte só data de 1728. Entretanto, volta para a Itália - para Roma, onde casa e depois para Nápoles. Logo que é investido em suas novas funções em Lisboa, aceita acompanhar a corte de Madrid, onde passaria o resto de seus dias na qualidade de mestre de capela (1729-1757). A infanta Maria Bárbara acabara de se casar com o príncipe das astúrias (filho de Filipe V).
Durante os vinte e oito anos de sua carreira na Espanha - durante os quais a sua vida material foi permanentemente complicada devido à sua paixão pelo jogo - apesar da liberdade da rainha, Scarlatti parece ter se dedicado exclusivamente à sua obra para cravo, com exceção do Salve Regina, composto nos últimos anos de sua vida. Scarlatti morreu em Madrid (Espanha) em 23 de julho de 1757.
Scarlatti foi, em larga medida, o criador da técnica moderna dos instrumentos de teclado e sua influência prolonga-se até Liszt. As suas Sonatas para cravo, de sonatas têm apenas o nome. Mas cada uma das 30 peças da coleção Exercícios - sua primeira publicação e a única ainda em vida - já se chama sonata e esta denominação iria prevalecer nas publicações posteriores.
Na sua maravilhosa diversidade, estas peças inspiram-se nos gêneros mais variados, mas não pertencem, de fato, a nenhum. Na sua maioria, têm estrutura binária, como os fragmentos da suíte, mas diferem deles pela riqueza harmônica, pelo virtuosismo e fantasia da escrita instrumental, pela originalidade do ritmo - elemento preponderante, por vezes - e, freqüentemente, também pela utilização muito livre de dois temas.
Em algumas coleções, a arrumação destas peças curtas parece convidar-nos a agrupá-las a duas a duas ou a três a três para a execução, em função do seu parentesco tonal e das possibilidades de contrastes rítmicos: deste modo, formariam pequenas "sonatas" de forma livre - na acessão moderna do termo.
Algumas peças foram escritas a duas vozes e contém uma cifra do baixo. Provavelmente, estavam destinadas a um instrumento solista - provavelmente o violino - acompanhado pelo baixo contínuo.
A principal fonte de sonatas de Scarlatti é uma coleção de 15 volumes manuscritos contendo 496 sonatas. Pertenciam à rainha Maria Bárbara e, atualmente, encontram-se na biblioteca Marciana, em Veneza. Outros manuscritos encontram-se em Parma, Münster e Viena. Foi publicada por Ricordi uma reedição de 545 sonatas, sob a direção de Longo. A numeração desta edição prevaleceu, durante muitos anos, para a designação das sonatas, mas o musicólogo e cravista norte-americano Kirkpatrick estabeleceu uma nova numeração em que se esforçou para reconstituir a ordem cronológica de composição.
Além de cerca de 555 sonatas, escreveu 12 óperas e um intermezzo, uma missa a 4 vozes, alguns motetos, oratórios, serenatas e cerca de 50 cantatas de câmara. Deveriam talvez acrescentar-se várias obras vocais e instrumentais de atribuição duvidosa.