Joseph Bodin de Boimortier nasceu em 23 de dezembro de 1689, na cidade de Perpignan (França). Estabeleceu-se para Paris (1724), onde iniciou uma fecunda carreira como compositor. Publicou 102 obras que abrangeram as mais diversas formas musicais, tanto no campo vocal como instrumental.

Sua grande capacidade criativa fez com que a seu respeito se dissessem anedotas e brincadeiras, tais como: ‘Feliz é Boismortier que consegue, graças à fertilidade musical que assume, sem qualquer esforço, mês após mês, dar à luz um volume’.

A popularidade das obras de Boismortier (muitas delas foram reeditadas) permitiu-lhe sempre certa independência econômico-financeira, sem ter necessidade de recorrer a patronos (recurso muito utilizado em sua época), para sua publicação. Poucas contém dedicatórias, e, quando estas existem, enfatizam sempre uma estreita relação entre o compositor e a pessoa a quem é dedicada a obra, nunca revelando uma atitude servil ou bajuladora.

O moteto Fugit Nox (1744), executado por mais de vinte anos consecutivos, nas apresentações dos famosos Concertos espirituais, é a prova da popularidade e importância alcançadas pelas obras ddo compositor em sua época. Boismortier morreu em Paris, em 28 de outubro de 1755.

Boismortier desempenhou papel fundamental na popularização dos gêneros musicais concerto e sonata. Em sua música destacam-se a melodia, simplicidade e elegância. Manteve sempre a originalidade no uso da textura, harmonia e ritmo musicais de suas obras.

Quando nos deparamos com sua grande quantidade e variedade de suas obras, não devemos surpreender-nos ao encontrar alguns lapsos ou sinais de trivialidade em algumas delas. Tampouco isso pode ser pretexto que conduza ao não reconhecimento de suas excelentes e positivas contribuições no campo musical, como muito bem e oportunamente observa La Borde, no breve trecho que segue: ‘Embora suas obras tenham caído no esquecimento, aquele que se der ao trabalho de explorar esta mina abandonada, encontrará suficiente quantidade de grãos de ouro para fundir e fazer um lingote’.

Boismortier dedicou grande parte de sua obra à flauta transversal. Em sua época este instrumento estava conhecendo, especialmente na França, seu florilégio. Compositores como Hotteterre, Philidor, Blavet, La Barre, começavam a estabelecer as bases da escola francesa da flauta, que ainda hoje é reconhecidamente um marco de excelência.

O Concerto Op. 26 (1729) foi o primeiro concerto francês para um instrumento solo e orquestra. Teria sido escrito para violoncelo ou fagote. Já as Sonatas para cravo e flauta Op. 91 foram escritas na França.

Os Trios Op. 7 (6) são exemplos de suas inovações musicais. Assim como os quintetos, são os primeiros em seu gênero na história da música. Nestes trios, Boismortier utiliza claramente a linguagem musical barroca francesa, a começar pelos títulos dos andamentos (moderement, courante, etc.)

A Suíte para flauta solo n.º 1 Op. 35 mostra a desenvoltura e habilidade musical de que dispunha Boismortier. Através dos diversos movimentos, ele trabalha habilmente melodias, dotando-as de vários e diversos ornamentos, fazendo com que, não obstante seja uma peça para flauta solo, desperte o interesse do ouvinte e lhe faça sentir o prazer da audição.

Boismortier - Minha coleção