John Dunstable nasceu na Inglaterra, em c.1390. Quase nada se sabe acerca da vida deste grande músico, a não ser que se dedicou às matemáticas e à astronomia, e esteve a serviço do duque de Bedford (irmão de Henrique V). Pensa-se que, depois da batalha de azincourt, acompanhou o duque ao continente, uma vez que a maior parte de seus manuscritos foi encontrada na Itália. Dunstable morreu em Londres, em 24 de dezembro de 1453.
A sua reputação e influência sobre os músicos da primeira metade do século XV parecem ter sido consideráveis. Martin le Franc (em Le champion des femmes, 1437) apontou-o como o iniciador da nova escola de contraponto e modelo de Dufay e Binchois. É verdade que, depois da crise de crescimento que a música acabara de sofrer, especialmente na França e na Itália, o gênio de Dunstable, que constrastava fortemente com o formalismo asfixiante da ars Nova, trouxe à arte polifônica a atmosfera fresca e luminosa da que necessitava.
Devido a uma consequência feliz da sua insularidade tradicional, a Inglaterra do século XIV ficara indiferente perante as reformas da ars Nova: foi assim que a arte de Perotin, aperfeiçoada consideravelmente no solo britânico, foi, de certo modo, trazida de novo para o continente pelos ocupantes ingleses.
Dunstable foi não só o principal artífice deste renascimento, como teve também o mérito de enriquecer a arte polifônica com um certo sentido harmônico (emancipação definitiva da terça e da sexta, consideradas como consonâncias, encadeamentos sistemáticos de "acordes" de sexta). Deixou fragmentos de missas, 33 motetos e 2 canções francesas.