Pós Romantismo |
johannes
brahms
(1833-1897) Concerto para piano n.º 2 Op. 83 Antes de comentar o segundo dos concertos para piano e orquestra compostos por Brahms, convém fazer uma breve referência ao Concerto n.º 1 em ré menor Op. 15, que foi a sua primeira experiência no terreno sinfônico. Parece que Brahms havia decidido compor uma sinfonia e que, por não sentir-se, todavia, capacitado para isso, por conselho de seu amigo Julius Otto Grimm, resolveu introduzir o piano, instrumento que dominava com perfeição. De todas as maneiras, essa foi uma longa e penosa elaboração: �Não sei o que opinar sobre a minha obra. Já não tenho poder sobre ela�, que começou em 1854 e terminou em 1859, quando Brahms era um jovem de 26 anos. Distinto é o Concerto para piano n.º 2 em si bemol maior Op. 83, um dos mais perfeitos da história da música concertante, composto em 1881, quando Brahms, que já havia escrito três de suas quatro sinfonias, era um insuperável mestre da composição orquestral. O próprio Brahms, que já não praticava ao piano com a mesma assiduidade que em sua juventude, interpretou a dificílima parte solista, e seu amigo, o famoso crítico Eduard Hanslick, que mostrou admiração pela obra, fez com que notasse, sutilmente, suas falhas como executante, dizendo que Brahms tinha coisas mais importantes para fazer do que praticar ao piano algumas horas por dia. Esse concerto em si bemol maior, dividido em quatro movimentos em lugar dos três tradicionais, possui o perfeito equilíbrio entre a forma e o conteúdo característicos de Brahms, um romântico nos sentimentos e um clássico na concepção estrutural de suas obras. A paixão irrompe, violenta, desde o primeiro movimento e aumenta no segundo, porém o compositor faz correr por um leito cuidadosamente traçado, e, ao concentrá-la, incrementa sua força ao invés de diminuí-la. A inusual duração da obra, que supera todas as anteriores do mesmo gênero, não perturba sua equilibrada unidade, e dessa forma é comentada por D�amico: �a grandiosidade de suas dimensões não prejudica, entretanto, minimamente a arquitetura da obra, toda interior, necessária e clara, apesar de que Brahms chega aqui a uma complexidade temática não alcançada nem em suas sinfonias�. Como é habitual em Brahms, o primeiro movimento desenvolve-se com base no tema inicial, que se compõe de duas partes: uma, anunciada pelas trompas, e a outra anunciada pelos instrumentos de sopro. Porém, �logo que os primeiros acentos da trompa são repetidos pelo piano, este os envolve em uma névoa e define em seguida a atmosfera de toda aquela parte. Várias idéias secundárias, estreitamente interligadas, seguem a idéia principal, sem que se possa saber claramente qual delas irá surgir como segundo tema, dando lugar, em ato seguido, aos desenvolvimentos, de maneira que a distinção entre a exposição e o desenvolvimento fica praticamente superada pela mesma natureza de uma dialética, de alusões ocultas e mudanças contínuas, em um suceder incessante�. O segundo movimento, allegro appassionato, mostra o mesmo espírito atormentado que o primeiro e está escrito em forma de scherzo. Considera-se, com razão, esse scherzo o movimento de maior valor sinfônico. O terceiro, andante, é uma série de variações sobre o único tema projetado para o violoncelo, que nesse movimento possui o papel de protagonista com o piano. No movimento final, Brahms parece, em princípio, despojar-se, quase jovialmente, de toda paixão, porém a tormenta não passa completamente e após a calma surgem agitadas e brilhantes passagens rítmicas que marcam o término de um concerto, o qual Brahms julgava como �um longo terror�. Concerto Romântico, n.º 18 - Concerto para piano n.º 2 Op. 83 |