François Couperin - ou Couperin, o Grande - nasceu em Paris, em 10 de novembro de 1668. Aos onze anos, herdou, por morte de seu pai, Charles, o lugar de organista de Saint-Gervais, mas Delalande assegurou a transição até o rapaz ter dezessete anos - fim de 1685. Aluno de seu pai e, depois, de seu tio François, bem como organista de Jacques Thomelin, amigo da família, tornou-se rapidamente célebre.

Em 1690, difundiu em cópias manuscritas a sua obra para órgão, constituída por duas missas. Em 1693-1694, foi nomeado organista da capela de Luís XIV - encarregado, sobretudo, de compor música religiosa, porque o grande órgão de Versalles só foi terminado em 1736 - depois, mestre de cravo dos infantes da França e ordinário de música do rei. Em 1714 e 1715, distraiu a velhice de Luís XIV apresentando nos concertos de domingo os seus célebres Concertos reais. Nessa época, tornou-se figura nacional e o seus contemporâneos já o chamavam de Coperin, o Grande.

Infelizmente, em 1723, a sua saúde precária forçou-o a ceder o órgão de Saint-Gevais ao seu primo Nicolas e, em 1730, sua filha Margarite antoniette teve que o substituir temporariamente nas funções da corte. A longa correspondência que manteve com J.S.Bach perdeu-se infelizmente - segundo uma tradição oral que data dos últimos Couperin, essas cartas teriam desaparecido depois de terem servido para cobrir os potes de compota. F.Couperin morreu em Paris em 12 de setembro de 1773.

F.Couperin teve o gênio de harmonizar o estilo italiano com o francês. Os seus conhecimentos do contraponto, recebidos do professor Thomelin, faziam dele um émulo de Corelli. O seu sentido de humor e da medida, a simplicidade e o frescor de sua invenção melódica tornaram-no um dos maiores músicos franceses de todos os tempos.

Compôs sonatas italianas - sonatas em trio -, suítes francesas - Concertos reais -, música de igreja digna de Carissimi - uma das mais belas partes de sua obra, muito raramente tocada - e, finalmente, obras que realizam a síntese do estilo francês e italiano - as nações e as apotheóses (2).

A sua produção de órgão, também muito pouco conhecida, é o culminar de uma tradição que remonta a Titelouze. Quanto à sua música de cravo, quer se trate de peças simples de dança - 1.º livro -, de peças pastorais - Le bavolet flottaut -, de ciacconas e passacaglias - Passacaglia do 2.º livro e as folias francesas -, quer se inspire na música popular de Couperin, 1722 - Les fastes de la grande Manestrandise - ou séria - La Couperin -, constitui, certamente, a parcela mais original de sua obra e um dos pontos altos de todo o repertório de cravo.

Música vocal: 6 elevações - vozes e baixo contínuo -, 3 leçons de ténebres - vozes e baixo contínuo, das quais se perderam outras 6 -, motetos para vozes e instrumento - no estilo de Carissimi e Charpentier -, airs sérieux - nada séria - para 1, 2 ou 3 vozes e baixo contínuo. Música de câmara: sonatas em trio - no estilo dos Op. 3 e 4 de Corelli - Concertos reais (14) - dos quais os 10 últimos foram publicados com o título de Les gouts réunis -, apothéose de Lully e apothéose de Corelli - grandes sonatas a três -, as nações - 4 sonatas a três, seguidas, cada uma delas, de uma suíte de danças francesas. Música para órgão: Pieces d'orgue consistantes en deux messe: uma a l'usage ordinaire des paroisses pour les fetes solemnelles, a outra Propre pour les couvents de religieux et religieuses. Música de cravo: 233 peças, agrupadas por tonalidade em 27 ordens - que deviam ser tocadas por inteiro, como uma suíte -, sendo o total distribuído por 4 livros, publicados entre 1713 e 1730. Obra teórica: a arte de tocar o cravo, muito importante para a interpretação da música francesa do início do século XVIII.