Mauro Giuliani nasceu em Bari (Itália) em 27 de julho de 1781 e pouco se sabe sobre seus pais e familiares. Seu irmão Nicolas era professor de música em São Petersburgo, tendo provavelmente iniciado o jovem Giuliani em sua educação. Estudou em Nápoles onde aprendeu teoria, harmonia, violoncelo e, o violão, instrumento que demonstrou grande talento ainda jovem. Ao longo de sua vida, Giuliani ficou praticamente em Nápoles, Roma e Viena. Absorveu as riquezas e os avanços da técnica do violão, como a progressão do instrumento para 6 cordas.
Na Itália de sua época havia muita riqueza para a música, entretanto, o violão estava um pouco limitado às preferências das pessoas. Grandes violonistas como Moretti e Carcassi haviam procurado destinos como Paris, Londres (onde Giuliani também seria aclamado) ou Madrid, cidades onde a arte do violão era mais apreciada. Giuliani também seguiu esta sina, porém para outra cidade: Viena.
Por esta época, Viena era a cidade de alguns dos melhores artistas do mundo. Entre 1806 e 1819, Giuliani teve grandes amizades com Paganini, Rossini, Hummel, Moschelles e Diabelli. É provável que Beethoven o tenha escolhido para ser um dos integrantes da orquestra, como violoncelista, durante a estréia da sua sétima sinfonia.
Viena vivia uma revolução musical. Não só na capital austríaca, mas como também em toda a Europa, as classes mais altas achavam chiques possuir e tocar instrumentos caros. A população da cidade era de aproximadamente 60 mil pessoas, e pareciam que todos queriam ter aulas de música. Giuliani tirou proveito deste clima e passou a dar aulas a muitos membros da elite social, e, em conseqüência, conseguia elevada popularidade. Por esta época, vários estudos, duetos e peças para violão foram publicados.
Foram várias as execuções camerísticas em Viena, apresentadas nas principais salas de concerto. Desde o início, os concertos de Giuliani tiveram grande êxito. Era dono de um "som" que as pessoas não estavam acostumadas a ouvir. Intérprete de sua própria obra, executou seus três concertos para violão.
Depois de treze anos em Viena, sua popularidade foi diminuindo, pois suas apresentações já não eram mais empolgantes. De volta a Itália (1819), disposto a dar início a uma nova vida, Giuliani continuou a apresentar suas composições, além de dar aulas de violão. Em Roma, ajudou Rossini. Porém, nunca mais teria o sucesso que teve em Viena. Giuliani morreu em Nápoles, em 8 de maio de 1829.
Uma das maiores contribuições de Giuliani para o violão foi a proliferação de um novo tipo de anotação para o instrumento. Podemos dizer que Giuliani foi para o violão, o que Paganini foi para o violino. Talvez seja o maior violonista do Romantismo.
Giuliani publicava seus próprios trabalhos em Viena e no exterior. A execução de suas obras iniciou uma demanda para publicações por ele e pelo público em geral. Suas composições foram bastante inovadoras, sendo que a crítica questionava o nível de dificuldade de seus trabalhos. Seus admiradores chegaram até a criar uma revista em sua homenagem.
Giuliani foi um compositor prolífico, autor de concertos, música de câmara, canções, duetos e peças para violão solo. A sua quantidade de obras é aproximadamente de 150. Os maiores trabalhos da produção de Giuliani são indubitavelmente seus concertos para violão, gênero que alguns o consideram pai, devido a melhor exploração do instrumento. Ao compor estas obras, sua principal preocupação era não ofuscar os delicados sons do violão, mantendo a uniformidade dos temas e estrutura. Exemplos disso são os Concertos para violão Op. 30, Op. 36 e Op. 70.
Entretanto, há aqueles que consideram as suas peças solistas como o principal de sua produção. Seus trabalhos para violão solo incluem variações e sonatas. Utilizou grandemente temas de baladas populares e melodias de óperas de Rossini. Entre as principais sonatas de Giuliani podemos destacar a Sonata Op. 15, a paródia lírica Sonata Op. 61 e a Sonata Op. 150 - Eroica.
Esta última caracterizada por uma grande intensidade, especialmente expressada pelo violão. Provavelmente, pode-se relacionar o título da obra com a Sinfonia n.º 3, de Beethoven. Entretanto, a forma sonata não era popular entre os compositores para violão, instrumento que não tinha força e caráter para administrar temas bem organizados. Por conseqüência, a maioria das peças para violão, intituladas "sonatas", fazem uso de outra forma.
Como vimos, Giuliani foi compositor basicamente violonístico. Mas seus arranjos, muito bem recebidos em Viena, também compunha-se de canções em francês, alemão e italiano, com o acompanhamento de seu instrumento.
Escreveu também variações sobre temas de Händel, Mozart e Beethoven. Transcreveu trechos de óperas de Rossini para 2 violões e as conhecidas Rossinianas, para violão solo. Seu tratado pedagógico Estudo do violão ainda é utilizado hoje.