Wolfgang amadeus Mozart nasceu em Salzburgo a 27 de janeiro de 1756. Seu nome de batismo era Johannes Chrisostomus Wolfgang Theophilus Mozart. Mas posteriormente, trocou o prenome Theophilus para amadeus. Foi um dos mais espantosos exemplos de precocidade na história da arte: desde os três anos de idade revelou excepcional aptidão para música, estudando cravo com seu pai, Johann Georg Leopold Mozart (1719-1787), compositor e violinista.

Na universidade de Salzburgo, em 1761, apresentou-se ao público pela primeira vez. Aos seis anos, Mozart compôs seu primeiro minueto para piano. O pai compreendeu o benefício que podia tirar desse pequeno prodígio, assim como Nannerl, irmã de Mozart, cinco anos mais velha do que ele. Levou-os então para várias viagens a fim de exibi-los, primeiro à corte imperial de Viena, depois a diversas cidades européias e finalmente a Paris, onde Mozart provocou grande entusiasmo. Na França, viu editadas suas primeiras obras: sonatas para violino (1763). Em Londres, onde o jovem interpretou o cravo, compôs uma série de sinfonias, árias e sonatas. Demoraram-se um ano e meio, ali conhecendo J.C.Bach, que exerceria influência sobre as suas obras juvenis.

Em novembro de 1767, regressou à Salzburgo, sendo recebido na corte de Viena em 1768, onde o imperador José II lhe pediu que escrevesse uma ópera e a dirigisse: aos doze anos Mozart compôs sua primeira ópera bufa, a fingida simples KV 51. Apesar da oposição dos musicistas rivais, a ópera foi executada em Salzburgo, em 1769. Representou ainda a opereta alemã ‘Bastien und Bastiene’ KV 50.

Aos dezesseis anos já tinha composto quase 200 obras em todos os gêneros! Conseguiu o título de maestro de concertos do arquiduque de Salzburgo e em 1769 viajou para a Itália, onde passou dois anos percorrendo Milão, Roma e Nápoles. As estréias de suas óperas se sucederam com um sucesso rotundo e crescente.

Voltou em 1773 à Salzburgo, onde compôs quatro novas sinfonias, e em Viena esteve sob a influência de Haydn, a quem dedicou, mais tarde, seis quartetos para cordas. Em Salzburgo, suas relações com o tirânico arcebispo Colloredo tornaram-se tensas. Viajou a Paris e em 1778 a Mannheim, em companhia de sua mãe. É dessa época o seu amor, depois rejeitado, por aloysia Weber, que conhecera na alemanha.

Em 1779, alguns meses após a morte de sua mãe, retornou à Salzburgo, assumindo o posto de organista da corte, mas em 1781 veio o rompimento definitivo com Colloredo, aristocrata soberbo que o tratava como a um criado.

Em 1781 Mozart se estabeleceu em Viena e no ano seguinte casou-se com Constanze Weber, irmã de aloysia. Vivia como artista livre. Aí conheceu seus dois principais libretistas, o padre Da Ponte e o comediante Schikaneder. No mesmo ano, entrou para a loja maçônica de Viena.

Nesses dez últimos anos de vida compôs as suas maiores obras para o palco e parte importante de sua música instrumental. A ópera as bodas de Fígaro entusiasmou os habitantes de Praga, que a aclamaram em 1786. A Praga também coube a honra, no ano seguinte, de emitir os primeiros aplausos para ópera Don Giovanni. Mas essa obra não obteve êxito em Viena, graças à má vontade do diretor da Ópera, Salieri.

À medida que trabalhava com maior afinco na busca da perfeição, Mozart vivia em dificuldades: seu matrimônio naufragava, os filhos morriam prematuramente, dívidas, desprezo e incompreensão para o músico e para o homem. Obrigado a trabalhar, incessantemente, pois suas produções jamais lhe renderam para que pudesse viver sem preocupações financeiras, teve sua saúde bastante prejudicada. O casal vivia da generosidade de uns poucos amigos e só em 1787 lhe foi concedida, pelo imperador José II, uma pensão anual como compositor da corte, posto ocupado antes por Gluck.

Tentou sua última desesperada turnê por Dresden, Potsdam e Leipzig, onde ouviu os coros de São Thomas cantar obras de J.S.Bach. Em Berlim, conseguiu um pouco de dinheiro e criou assim fazem todas (1790). No ano de sua morte, um prematuramente envelhecido Mozart é testemunha das estréias de a flauta mágica, ópera fantástica que contém as suas árias mais admiradas; e a clemência de Tito, outro trabalho de excepcional qualidade musical. Nesta época, recebeu a visita de um misterioso personagem (que mais tarde foi identificado como sendo o mordomo do conde Walsegg) que o incumbiu de compor uma missa Requiem. Pobre e já muito doente, trabalhava nesta missa, quando sofreu um ataque de paralisia, vindo a morrer no dia seguinte, no dia 6 de dezembro de 1791, em Viena, sem ter terminado o Requiem.

Sua morte foi atribuída a uma série de causas, inclusive à ingestão de veneno, que teria sido administrado pelo compositor rival, antonio Salieri.

O seu enterro estava sendo acompanhado por poucos amigos, quando caiu violenta tempestade que os dispersou. Mozart teve um funeral de terceira categoria e foi enterrado numa fossa comum, com uma dúzia de cadáveres de indigentes. Não houve monumento nem lápide. Dez anos depois, a viúva voltou ao cemitério (ouvira dizer que as valas comuns permaneciam intactas, apenas por sete anos), mas os restos do imortal compositor não haviam sido respeitados. Hoje nem se sabe o lugar exato onde foi sepultado. Seus restos mortais desapareceram e o crânio conservado no Mozarteum de Salzburgo certamente não é seu.

Juntamente com Haydn, Mozart representa o ponto culminante da música no século XVIII. Figura exponencial no desenvolvimento final da ópera napolitana, foi também um dos maiores mestres da nova concepção da sonata na época. Criou obras-primas da música instrumental, nos últimos anos do século XVIII. Estabeleceu normas musicais que transformaram aquele período na era clássica por excelência, no campo da música. Foi admirado por todos os mais destacados compositores subseqüentes, que souberam reconhecer o valor do legado que Mozart lhes deixou.

Caracterização - Mozart costuma ser citado como um elo da cadeia do Classicismo vienense, entre Haydn e Beethoven. A classificação, embora cômoda, não corresponde à verdadeira posição do compositor. Mozart não foi o continuador de Haydn nem o antecipador de Beethoven. O que não quer dizer que em sua obra não houvesse os germes de uma evolução. Ao contrário de Haydn, que utilizou o folclore austríaco, húngaro e eslavo, Mozart foi italianizante: usou a linguagem do seu tempo, sua obra está impregnada do estilo da época.

Mas na manipulação desse estilo algo impessoal foi mestre inconfundível. Seu poderoso senso arquitetônico elaborou estruturas perfeitas, coerentes, tanto na música instrumental como na dramática, na coordenação das árias. Foi, pela disciplina formal, um clássico. Mas muito se discute se não foi, pelo espírito, um pré-romântico. Pois está hoje desfeita a imagem de um Mozart rococó, brilhante, preciosista. Se algo existe desse Mozart, é em sua música feita de encomenda. Outro Mozart subsiste, mais complexo e soturno, em parte da sua música de câmara e nas grandes óperas.

A ópera de Mozart - Compositor essencialmente vocal, foi na ópera que se realizou de modo mais completo o gênio de Mozart. As primeiras óperas datam ainda da adolescência do mestre. Ao todo realizou 23 óperas, destacando-se seis, todas elas do último período de sua vida. A primeira é Idomeneo, rei de Creta (1781), influenciada por Gluck. Os coros solones e o brilho da orquestra dão à obra o caráter de espetáculo majestoso.

Diferente é O rapto do serralho (1782), comédia brilhante, com algumas imperfeições de conjunto, mas com números de destaque: a música de Mozart supera as falhas da estrutura dramática. Essas falhas desaparecem em as bodas de Fígaro (1786), que marca o início de sua colaboração com o grande libretista Lorenzo da Ponte. Nela, a música exprime com perfeição os caracteres e não elimina totalmente a tendência revolucionária.

Don Giovanni talvez seja a maior dessas obras-primas. A obra leva o subtítulo de dramma giocoso, que talvez exprima a intenção do libretista da Ponte. Mas é a ópera mais complexa de Mozart. A mais ambígua, porque resume, nos seus acentos trágicos, eróticos e burlescos, a própria existência humana. Na sua aparente heterogeneidade, a obra guarda perfeita coerência entre música e construção dramática. Em assim fazem todas (1790), também em colaboração com da Ponte, o tom é deliberadamente artificial: retrato de uma época frívola, ironicamente expressa na própria música, em perfeita união com o texto.

Após a comédia de equívocos de assim fazem todas, surge a ópera mais heterogênea de Mozart, a flauta mágica (1791). Das incoerências do libreto, Mozart tirou uma obra de grande riqueza, numa síntese de estilos: ópera séria, comédia musical popular, tragédia filosófica e drama sentimental. A música que acompanha essa trama complicada é também a síntese do seu universo musical.

Música sacra - Mozart realizou-se sobretudo na música dramática profana. Tinha escrito, por obrigação profissional na corte eclesiástica, grande variedade de peças litúrgicas, mas não foi de espírito religioso. Suas missas, como a famosa Missa em dó maior KV 317 - Coroação (1779) não tem a gravidade exigida pelo gênero. A exceção seria a Missa em dó menor KV 427 (1783), deixada incompleta. Também incompleto ficou o Requiem KV 626 (1791), de conteúdo mais dramático do que litúrgico, obra-prima final escrita às vésperas de sua morte.

Música sinfônica e concertante - Mozart escreveu ao todo 41 sinfonias e 11 sinfonias concertantes. Como foram escritas em épocas diversas, pode-se, através delas, ter-se uma idéia de sua evolução estilística, no aproveitamento inventivo das melodias e no aperfeiçoamento da elaboração construtiva. As obras-primas são naturalmente da fase final e revelam, em sua plenitude, a sabedoria arquitetônica de Mozart: a Sinfonia n.º 35 em dó maior KV 425 - Haffner (1783), Sinfonia n.º 38 em ré maior KV 504 - Praga (1786), Sinfonia n.º 39 em si bemol maior KV 543 (1788), Sinfonia n.º 40 em sol menor KV 550 (1788) e a Sinfonia n.º 41 em dó maior KV 551 - Júpiter (1788). São todas, obras freqüentes nos repertórios de concertos, testemunhos da inventividade e energia de Mozart.

Seção importante na obra de Mozart é a dos concertos. A forma do concerto ainda estava indefinida em meados do século XVIII, não havendo distinção nítida entre a forma concertante e a música para orquestras de câmara. Foi C.P.E.Bach o primeiro a desenvolver o contraste entre o instrumento solo e a orquestra. Os concertos para piano de Mozart contribuíram decisivamente para a formação do gênero, desenvolvendo-o em escala mais ampla.

É famoso o Concerto para piano n.º 26? em ré maior KV 537 - Coroação (1788). As obras mais perfeitas que deixou no gênero são, contudo, o Concerto para piano n.º 20 em ré menor KV 466 (1785), o Concerto para piano n.º 22 em mi bemol maior KV 482 (1785), o Concerto para piano n.º 23 em lá maior KV 488 (1786), o Concerto para piano n.º 24 em dó menor KV 491 (1786) e o Concerto para piano n.º 27 em si bemol maior KV 595 (1791).

Citação a parte merece o Concerto para clarineta em lá maior KV 622 (1791), pela sua extraordinária invenção melódica. Devem ser mencionadas, por fim, as obras para piano solo de Mozart, que percorre a escala do estilo gracioso e rococó da Sonata para piano em lá maior KV 331 (1778) até a mais forte intensidade da Sonata para piano em dó maior KV 457 (1784), que antecipa Beethoven.

Música de câmara - Finalmente, é na música de câmara que se revela a maior complexidade do espírito de Mozart, a zona de sombra entre uma intensa energia e uma melancolia profunda, que desmente a imagem do Mozart rococó, brilhante, mas superficial. Essa imagem ainda pode persistir na popularíssima Serenata n.º 13 KV 525 - Pequena música noturna (1787). Não será o mesmo quanto ao sutil e complexo Trio para cordas em mi bemol maior KV 563 (1788). Essa obra, costuma ser, erroneamente, colocada na simples categoria de divertimento musical.

As mais importantes obras camerísticas de Mozart são da sua maturidade, ou melhor, dos anos finais de sua vida. Lugar importante deve ser reservado à Sonata para piano e violino em lá maior KV 526 (1787), e também para o melancólico Trio para clarineta, piano e viola em mi bemol maior KV 498 (1786). São obras de grande riqueza e equilíbrio estrutural o Quinteto para piano em mi bemol maior KV 452 (1784), o Quarteto para piano em sol menor KV 478 (1785), o Quinteto para cordas em sol menor KV 516 (1787) e o Quinteto para cordas em si bemol maior KV 614 (1791), e o Quinteto para clarineta em lá maior KV 581 (1789).

O resultado mais perfeito da música camerística de Mozart encontra-se nos seis quartetos dedicados à Haydn. São obras que, ao lado do experimentalismo formal que transparece em algumas, revelam uma complexa interioridade espiritual. São eles: Quarteto para cordas em sol menor KV 387 (1782), Quarteto para cordas em ré menor KV 421 (1783), Quarteto para cordas em si bemol maior KV 428 (1783), Quarteto para cordas em si bemol maior KV 458 - a

caça (1784),Quarteto para cordas em lá maior KV 464 (1784), Quarteto para cordas em dó maior KV 465 - Dissonâncias (1785). Neste último, de tonalidade indeterminada, Mozart realizou sua mais ousada experiência harmônica.

Catálogo das obras de Mozart - as obras de Mozart são identificadas pelo prefixo K, seguida de um número que designa a ordem cronológica das composições. O K vem do nome de Ludwig von Köchel, que organizou um catálogo das obras de Mozart, publicado em 1862, sob o título de Registro cronológico-temático de todas as obras musicais de W.a.Mozart. Em alemão a sigla é KV, isto é, Köchel-Verzeichnis. Uma revisão definitiva desse catálogo foi elaborada por alfred Einstein, em 1937.

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