Josquin des Prés nasceu em c.1440, na França. Recebeu a sua educação no coro do colégio de Saint-Quentin, pois foi, sem dúvida, aluno ou, pelo menos, discípulo de Okeghem, com quem aprendeu as sutilezas do velho sistema proporcional e os princípios da imitação canônica. Mas o seu estilo foi também marcado pela escola de Obrecht e Busnois, onde pôde descobrir os segredos da expressão sensível.

Começou a sua carreira como chantre no Duomo de Milão. Em seguida e sucessivamente esteve ao serviço do duque Sforza, em Milão, da capela pontifícia, em Roma (de onde fez viagens pela Itália com o cardeal Sforza), do duque de Ferrara, Ercole (em honra de quem compôs a missa Hercules de Ferrara), do rei da França Luís XII. Foi, durante algum tempo, mestre do coro nas catedriais de Cambrai e Saint-Quentin.

As datas das carreiras de Josquin e os itinerários de suas viagens entre Flandres e a Itália (principalmente para recrutar cantores), não puderam ser estabelecidas com a precisão desejável. Viveu os últimos dez anos de sua vida em Condé-sur-L'escault, como cônego. Josquin morreu em 27 de agosto de 1521.

A obra de Josquin espantou e maravilhou o mundo até o aparecimento de Roland de Lassus e Palestrina, depois foi totalmente esquecida até o fim do século XVIII. Foi então que Burney e, depois, Fetis, chamaram a atenção para o primeiro músico da história cujo gênio parece evidente ao público de hoje.

Continuador de Dufay, com um gênio ainda superior, Josquin não só ultrapassa os seus antecessores no campo da habilidade contrapontística, mas é, sobretudo, o primeiro que nos emociona devido à qualidade da inspiração melódica e à justeza da expressão, especialmente nos seus mais belos motetos (ave Maria, Stabat Mater e, sobretudo, o admirável Miserere) ou ainda o célebre Deploração de Jean Okeghem.