Darius Milhaud nasceu em aix-en-Provence (França) em 4 de setembro de 1892. Estudou no Conservatório de Paris com Dukas e d'Indy. Foi entre 1914 e 1918 secretário particular de Paul Claudel, então embaixador da França no Rio de Janeiro. Depois da I Guerra Mundial formou, em Paris, com Honegger e outros amigos o Grupo dos Seis, empenhados em criar uma música autenticamente francesa. Também foi decisivamente influenciado pelo politonalismo de Stravinsky.

Em meados de 1940 fugiu da França ocupada, sendo perseguido em razão de sua descendência judaica. Nos Estados Unidos, foi professor no Colégio de Mill, na Califórnia. Em 1945, voltou para Paris, assumindo a cátedra do Conservatório. Morreu em Genebra (Suíça), em 22 de junho de 1974.

Milhaud é compositor de extraordinária fecundidade. Escreveu cerca de 350 obras, entre elas 18 quartetos para cordas, só 'para superar o número dos 17 quartetos de Beethoven', como disse.

A crítica contemporânea sente dificuldade em separar, entre tantas obras, o trigo e o joio. Há quem prefira certas obras instrumentais, como a Música de concerto Op. 50 (1931), escrita para a orquestra sinfônica de Boston e por isso chamada de Sinfonia de Boston, ou o Concerto para piano, metal e harpas (1938). Também se elogiam muito as magistrais variações no Concerto filarmônico (1932).

Outro grupo de críticos prefere as imponentes obras vocais de Milhaud. É sobretudo digno de nota o Service pour le Sabbath (1947), talvez a única obra musical moderna escrita para a liturgia judaica. De inspiração semelhante é o oratório Davi (1954), que foi estreado em Israel. Mas Milhaud também escreveu um Te Deum - Hino ambrosiano (1946), que foi cantado na catedral de Notre-Dame de Paris, e uma sinfonia coral Pacem in terris, sobre trechos da homônima encíclica do papa João XXIII.

A parte mais discutida e mais discutível da obra de Milhaud é a destinada ao teatro. Aos efeitos retumbantes e nem sempre muito originais parece corresponder a substância musical. São, em todo caso, dignos de nota: Orestie (1924), libreto de Claudel, a ópera trágica O pobre marujo (1926) e, sobretudo, Cristóvão Colombo (1930), outra vez com libreto de Claudel, a obra mais original de Milhaud, ao passo que Médée (1939) e Bolívar (1943) obtiveram pouco sucesso.

Uma das melhores obras de Milhaud é o balé Boi no telhado (1919), em que o compositor aproveita material folclórico latino-americano. Para piano escreveu a suíte Saudades do Brasil (1921), depois orquestrada, cujos movimentos têm como títulos os nomes de bairros do Rio de Janeiro.