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 Pós Romantismo

johannes brahms
(1833-1897)

Concerto duplo para violino e violoncelo em lá menor Op. 102

Grande amigo de Schumann e de sua esposa, a também compositora e pianista Clara Wieck - matrimônio exemplar em torno do qual se reuniam alguns dos músicos mais representativos do romantismo - Brahms é, cronologicamente, o último dos grandes compositores que pertenceu à tradicional música romântica iniciada por Beethoven. Durante muitos anos - visto por Schumann como o músico do futuro chamado para manifestar, de modo ideal, a mais alta expressão do tempo - foi tachado de músico atrasado e retrógrado.

Acusavam-no de ser o responsável pelo nascimento da já decadente música instrumental, a chamada música absoluta, frente às composições progressistas de Wagner e Liszt, pioneiros, com o drama lírico e com o poema sinfônico, de uma nova concepção musical, que abriria os caminhos do porvir. Por ser superficial, esse juízo condenatório somente considerou a superfície das obras de Brahms, cujo gênio criador foi tão revolucionário como o de Wagner, embora de um modo menos espetacular e mais sutil e secreto do que o de seu oponente.

O Concerto para violino e violoncelo Op. 102, é uma prova determinante de que Brahms não era um conservador, mas sim um inovador. Na etapa final de sua existência, e quando era um dos músicos mais famosos da Europa, seu desejo de inovar não diminuiu, e atreveu-se a utilizar, na última de suas obras concertantes, a combinação pouco usual do violino e do violoncelo como instrumentos solistas.

É mais do que provável que a idéia de empregar o violoncelo num papel protagonista como o do violino ou do piano - os dois instrumentos tradicionais da música concertante - foi sugerida pelo Concerto para violoncelo de Schumann, e, talvez, pelo exemplo mais distante do Concerto triplo para piano, violino e violoncelo de Beethoven. Seria próprio de Brahms querer ocupar um lugar junto aos músicos que admirava, fazendo algo similar e, ao mesmo tempo, distinto do que haviam realizado: nem um tríplice concerto, tampouco um concerto só para violoncelo, e sim, um duplo concerto.

Quando estava junto ao lago Thun na Suíça, Brahms escreveu uma carta para Clara Wieck na qual expressava as suas dúvidas com relação à dificuldade de empregar tão inusitada combinação de dois instrumentos, também considerando que os dominava muito menos do que o piano. Em sua resposta, a viúva de Schumann o animou em empreender essa difícil tarefa, e Brahms solicitou o assessoramento de um velho amigo, o grande violinista Joseph Joachim, e do violoncelista Robert Hausmann, os quais foram os intépretes do primeiro ensai, realizado em Baden-Baden, onde esteve presente Clara em companhia de Brahms.

Como observam Júlio e Roberto andrade, 'este é seguramente, o concerto em que Brahms resolve os problemas estruturais de forma concisa, elegante e perfeita', portanto, se foi menos difundido que os outros três, isso ocorreu devido à dificuldade de encontrar dois grandes intérpretes que quisessem e pudessem entrar num acordo.

Concerto Romântico, n.º 8 - Concerto duplo para violino e violoncelo em lá menor Op. 102

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