Carlo Gesualdo nasceu em Nápoles, em c.1560. Príncipe de Venosa, membro de uma família nobre da Itália meridional, sobrinho do arcebispo de Nápoles, alfonso Gesualdo, conviveu, na casa de seu pai, Don Fabrizio, com numerosos músicos, entre eles seu primo Ettore Gesualdo, cantor e tocador de alaúde, F. e S.Dentice, F.Filomarino, etc. Neste meio, aprendeu a tocar alaúde (de que foi um excelente instrumentista) e foi, provavelmente, iniciado na composição por Pomponio Nenna, de Bari.
Em 1586, casou-se com Donna Maria d'avalos, mas, quatro anos depois, matou a mulher e o amante dela (drama evocado por anatole France em Le puits de Sainte-Claire). Três anos mais tarde, no início de 1594, casou-se com Leonora d'Este, filha do duque alfonso II e, no mesmo ano, apareceram os seus dois primeiros livros de madrigais. Este segundo casamento realizou-se em Ferrara, onde Gesualdo se aconselhou com L.Luzzaschi, que seria professor de Frescobaldi.
No entanto, o príncipe mantinha ligações amorosas notórias: Donna Leonora queixou-se de tal fato em cartas dirigidas a seus irmãos, alessandro (o cardeal) e Cesare (o novo duque de Modena). Durante uma segunda viagem a Ferrara, Gesualdo fez escala em Florença, onde, muito provavelmente, entrou em contato com a camerata Bardi (Caccini, etc.). Gesualdo morreu em avellino (Itália), em 8 de setembro de 1613.
É incontestável que estava ao corrente das idéias novas: são testemunho disso algumas particularidades do seu estilo bem como a presença do cantor Scipione Palla, professor de Caccini, entre os músicos ao seu serviço. Os seus quatro primeiros livros de madrigais a 5 vozes integram-se no grande estilo madrigalesco, tal como foi cultivado pelos seus contemporâneos, Marenzio e Monteverdi.
Mas as suas obras posteriores são criações de vanguarda: nelas, Gesualdo evolui com um soberbo à-vontade num universo harmônico totalmente novo, que pode parecer irracional se procurarmos nele uma lógica independente da imaginação poética. É norteado por uma profunda sensibilidade, um instinto seguro da eficácia dos contrastes, uma capacidade de traduzir emoções simples, uma grande compreensão dos poemas (ariosto, Guarini, Tasso), enfim, uma técnica notável, que lhe permitem brincar livremente com as regras. Demasiado original para fundar uma escola, não teve discípulos. Escreveu 6 livros de madrigais a 5 vozes (1594-1611), um livro de madrigais a 6 vozes (póstumos, 1626), 2 livros de Canções sacras (5, 6 e 7 vozes), Responsorios (4 e 6 vozes).