Arthur Honegger nasceu em Le Havre (França), em 10 de março de 1892. Seu pai, importador de Zurique estabelecido no Havre, e sua mãe, excelente pianista amadora, acarinharam a vocação musical de seu filho. Foi enviado para Zurique a fim de começar os estudos musicais que terminou em Paris sob a direção de Capet (violino), de Gédalge (contraponto e fuga), de Widor (composição) e de Indy (direção de orquestra).
Nas aulas de Gédalge, no Conservatório, tornou-se amigo de Milhaud e de andrée Vaurabourg, que viria a ser sua mulher. A sua primeira obra importante, Le dit de jeux du monde, música para divertimento de P. de Méral, foi representada em 1918, no Vieux-Colombier. Esse teatro era, então, a sede (desde janeiro de 1918) dos concertos dados por um grupo de amigos que se intitulavam Les nouveaux jeunes, antes de o crítico H.Collet os ter batizado de Grupo dos Seis: Honegger, Milhaud, Poulenc, auric, Durey e Germaine Tailleferre.
Estes músicos, de que Cocteau se tornou porta-voz em brilhantes aforismos, eram tão diferentes quanto possível, tanto em caráter como talento. Honegger, em especial, manteve-se alheio aos princípios estéticos que deveriam assegurar a coesão do Grupo dos Seis e inspirar a sua propaganda. Ele próprio afirmava que preferia sempre a música de câmara e a sinfonia à música de circo e ao musichall, cujas virtudes desmitificadoras eram exaltadas por Cocteau. Honegger manifesta já a sua perfeita independência, em relação aos seus amigos, em O rei Davi, criado em 1921, no Teatro de Jorat, em Mézieres, Suíça, espantosa antecipação de sua obra futura.
Esta obra e Pacific 123 dão rapidamente a volta ao mundo. Honegger foi convidado para todos os lugares, multiplicaram-se os festivais das suas obras e, antes mesmo de atingir os 35 anos, já era célebre universalmente. A sua vida foi a de um honesto artesão de que emanava uma impressão de saúde moral e também (pelo menos até a crise cardíaca de 1947, de que nunca se recomporia) de saúde física. Honegger morreu em Paris, em 27 de novembro de 1955.
A sua obra não tem origem em qualquer sistema, em qualquer idéia preconcebida em matéria de estilo. O culto de J.S.Bach inspirou-lhe o gosto por fortes arquiteturas sonoras, baseadas nas grandes formas clássicas. Uma escrita polifônica complexa onde se chocam tonalidades diferentes (sem que a politonalidade seja alguma vez procurada por si mesma) parece o mais natural modo de expressão do seu lirismo grave e vigoroso, por vezes, tingido de misticismo.
Grandes obras dramáticas: antígona (Bruxelas, 1927), Judith (Montecarlo, 1926), Nicolas de flue (Neuchâtel, 1941), amphion (Paris, 1931).
Operetas: as aventuras do rei Pausole, Les petits cardinal, La belle de meudon; 14 bailados, numerosas músicas de cena e de filmes (cerca de 40 filmes, entre os quais La rue e Napoleón, de abel Gance).
Oratórios: O rei Davi (1921), Les cris du monde (1931), a dança dos mortos (1938), Jeanne au bûcher (1935), sendo as duas últimas sobre poemas de Claudel.
Cantatas: Cantique de pâques, Cantiques des cantiques, Chant de liberátion, Cantate de Nöel (a sua última grande obra); numerosas melodias e as admiráveis Pâques à New York para voz e quarteto de cordas.
Orquestra: Três andamentos sinfônicos (entre eles, Pacific e Rugby), 5 sinfonias (n.º 2 para cordas, n.º 3 - Litúrgica, n.º 4 - Delidiae brasiliensis, n.º 5 - Ditre re), concertino para piano, concerto para violoncelo, Concerto de câmara para flauta, corne e cordas.
Música de câmara: 3 quartetos para cordas, 2 sonatas para piano e violino, peças para piano.