Vincent d´Indy nasceu em Paris, em 27 de março de 1851. Primeiramente, foi aluno de Marmontel e Diemer (piano) e, depois, de Levignac (harmonia). Teve que interromper os seus estudos durante a guerra (1870), integrando a guarda nacional na defesa de Paris. Logo que passou à disponibilidade, completou a sua formação musical com Franck, no Conservatório. Passou a freqüentar os meios de vanguarda (Franck, Massenet, Saint-Saëns, Bizet) e contribuiu para a formação da Sociedade Nacional de Música.
Em 1874 foi contratado como timbaleiro dos novos Concerts Colonne - onde seria mais tarde, diretor de orquestra. Nesse mesmo ano, Pasdeloup dirigiu uma peça sinfônica composta por ele, que constituiria, mais tarde, o segundo quadro da trilogia Wallenstein. Em 1875 entusiasmou-se com Carmen de Bizet e, no ano seguinte assistiu à primeira representação da tetralogia wagneriana (O anel do Nibelungo) no novo teatro de Bayreuth: sofreu uma profunda impressão que iria orientar a sua vocação para a procura de um equivalente francês do drama de Wagner.
Quando da morte de Franck (1890) tomou a direção da Escola Nacional de Música e, quatro anos mais tarde, fundou, com Bordes e Guilmant a Escola Cantorum, onde seria professor de composição e diretor. A célebre escola foi, em pouco tempo, um templo do franckismo e d’Indy, fiel até a morte do culto cego de seu mestre, pregou um pouco por todo lado a nova religião musical cujos deuses seriam J.S.Bach, Beethoven, Wagner e Franck.
A escola que se formou em volta de d’Indy iria se opor ao debussismo, exaltando a ordem e o rigor por oposição à sensualidade e a liberdade: tomada de posição lamentável, tendo em vista a admiração e amizade pessoal que d’Indy tinha com Debussy. Alguns de seus discípulos desrespeitaram muito a sua memória, opondo-o a Ravel e Debussy numa querela que ele não previra.
Sua carreira como diretor de orquestra (Europa, Rússia, Estados Unidos) valeu-lhe, em 1912, ser nomeado professor de direção da orquestra do Conservatório, cargo que acumulou com os da Escola Cantorum. Entre seus alunos mais célebres, contam-se Séverac, Roussel, Satie, Le Flem, Honegger, auric. D’Indy morreu em Paris, em 2 de dezembro de 1931.
Católico intolerante e patriota chauvinista, mais conhecido pela sua retidão e sua dedicação, d’Indy impunha respeito devido à sua nobreza de caráter. Poderia dividir-se a sua obra em três períodos, dos quais os dois últimos se originam na estética franckista: a primeira (1870-1875) é germânica, sob a influência de Mendelssohn, Schumann e, sobretudo, Wagner. As principais testemunhas dela é a grande obra coral Le chant de la cloche e a trilogia de poemas sinfônicos Wallenstein.
A segunda fase (1885-1918), nacionalista e cristã, é animado pelo seu amor pelas Cévannes e, talvez, pela influência pessoal de Duparc: Sinfonia Cévenole, Jour d’eté à la montagne, bem como as óperas Fervaal e L’étranger, que são provavelmente as suas obras-primas. A terceira fase (1918-1931) tende para a simplificação, a economia de meios, o classicismo: a sinfonia Díptico mediterrâneo, o Quinteto em sol menor e o Quarteto n.º 3. Fugindo a esta classificação, está o "drama sacro" Légende de Saint Christophe, obra gigantesca onde se misturam o melhor e o pior, encerra uma profissão de fé política e religiosa não isenta de megalomania.