Anton von Webern nasceu em Viena (Áustria), em 3 de dezembro de 1883. Primeiro estudou musicologia sob a direção de G.adler em Viena, e defendeu, de modo brilhante, a sua tese de doutorado na universidade, em 1906 (acerca de Isaac). Entre 1904 e 1910, foi aluno de Schönberg (composição), ao mesmo tempo que Berg e Wellesz (mas foi, certamente, o primeiro e o mais fiel discípulo do mestre).
Depois de ter ocupado alguns obscuros lugares de diretor de orquestra, na alemanha e em Praga, colaborou, depois da I Guerra, nos concertos organizados em Viena, por Schönberg, e mais tarde foi diretor de orquestra titular de uma associação sinfônica operária, criada em Viena pela edilidade socialista. Mas a esta vida pública, aliás modesta, preferia a solidão de sua casa em Mödling, onde levava uma vida simples e sem glória, dedicando-se quase que exclusivamente à composição e ao ensino.
Quando o seu país foi anexado pela alemanha, o regime nazista quase não precisou de proibir a sua música como "bolchevismo cultural" de tal modo ela era pouco conhecida. Não tinha o direito de ensinar nem de se apresentar em público e teve de aceitar, para viver, um lugar de revisor de provas numa editora de música. Quase no final da guerra, foi viver para o campo nos arredores de Salzburgo (Áustria), onde foi morto (15 de setembro de 1945) por um soldado americano quando saía de casa depois do toque de recolher.
Com exceção dos seus Op. 1 e 2, todas as obras de Webern são atonais. O seu estilo muito pessoal, extraordinariamente conciso, puro e transparente, afirmou-se quase desde os primórdios. algumas obras, como as admiráveis Cinco peças Op. 10 para orquestra, ou as Seis bagatelas para quarteto, são breves e sutis que fazem lembrar o estilo dos haikai japoneses. Mas uma vez ultrapassada a surpresa que pode ser provocada por uma desintegração da melodia, da harmonia e o ritmo, do timbre, levada ao limite para além do qual a música deixaria de existir, o ouvinte sem preconceitos descobre, neste arte, um secreto lirismo extraordinariamente penetrante.
A partir de 1924 (Geistliche volkslieder Op. 17), Webern, cujo atonalismo se baseara, até então, numa técnica muito pessoal, adotou estritamente a técnica serial de Schönberg, a quem se manteve fiel. Esta disciplina permitiu-lhe conceber obras mais longas, como a Sinfonia Op. 21. Nesta interessante composição, Webern explora o princípio da Klangfarben-melodie (onde uma sucessão de timbres é submetida, tal como a sucessão de alturas, às regras do desenvolvimento serial), princípio que Schönberg esboçou no final do seu Harmonielehre e tentara aplicar na terceira das suas Peças para orquestra Op. 16.
Nas suas três últimas obras (2 Cantatas e Variações Op. 30), o estilo de Webern tornou-se mais expressivo, mais contínuo: a Cantata n.º 2 é a sua obra mais vasta, tanto pela duração como pelo efetivo instrumental. O seu idealismo, a sua simplicidade, a sua total independência e o aspecto radical da sua técnica exerceram um fascínio sobre os jovens compositores do último pós-guerra, especialmente na França e na Itália. Segundo as palavras de Boulez, ele representa atualmente, a "tradição" dos músicos de vanguarda.
Obras: algumas obras corais (entre elas, as duas cantatas), 20 lieder com acompanhamento de piano, 28 lieder com acompanhamento de pequenas formações instrumentais, composições para orquestra (Seis peças Op. 6, Cinco peças Op. 10, Sinfonia Op. 21, Variações Op. 30, etc), Seis bagatelas Op. 9 para quarteto de cordas, Trio para cordas Op. 20, Quarteto para cordas Op. 28, Concerto para 9 instrumentos Op. 24, Variações Op. 27 para piano.