Henri Fouques Duparc nasceu em Paris, em 21 de janeiro de 1848. Quando estudou no colégio de jesuítas de Vaugirard, teve como professor de piano o célebre Franck, que descobriu os seus dotes e lhe ensinou composição (em 1888, dedicou-lhe uma sinfonia). Mais tarde, Duparc teve como amigos Indy e Chabrier. Juntamente com este último, iniciou-se na arte wagneriana e, em 1869, durante uma viagem a Weimar, conheceu Liszt e Wagner.

Foi, durante muitos anos, secretário da Sociedade Nacional de Música, de cuja fundação foi um dos artifícies (com Franck, Saint-Saëns, Fauré, Chausson). Em 1885, deixou definitivamente de compor, legando-nos uma obra minúscula, cuja parcela mais importante é constituída pelas suas admiráveis melodias. Atribui-se muitas vezes a perturbações mentais graves esta súbita esterelidade, aos 38 anos.

No entanto, nem a sua correspondência, nem as conversas que nos são narradas por aqueles que o conheceram (principalmente P.Landormy) revelam sintomas de demência. Tratava-se, sobretudo, de uma tendência psicastênica que os acontecimentos agravaram ao longo dos 48 anos de vida que lhe restavam. Foram vários os fatores psicológicos e fisiológicos responsáveis pelo aniquilamento da sua vocação criadora.

O primeiro foi o instinto crítico exarcebado que o levou a destruir algumas das suas demasiado raras composições (só considerou satisfatória a sua coleção de 13 melodias e duas ou três outras exceções). Depois, vieram as perturbações visuais que lhe não permitiam ler música: o seu campo de visão era tão limitado em altura que, em 1909, se queixava de só poder ler uma pauta numa partitura de piano.

Esta doença agravou-se devido a uma catarata, operada, sem êxito, em 1924. E, por fim, o sentimento religioso deste católico fervoroso, que estimulava a humildade do criador exigente e a sua renúncia perante o sofrimento físico, sujeitava a sua vontade e imaginação a uma devoção que se fortaleceu durante uma perigrinação a Lourdes com Claudel e Jammes (1906) e se tornou, em breve, a única consolação do músico desamparado. Duparc morreu em Mont-de-Marsan (França), em 12 de fevereiro de 1933.

Escreveu um moteto, 2 poemas sinfônicos, uma suíte para piano (Feulilles volantes), um dueto e 16 melodias (uma coleção de 5 e, depois, uma de 13 que inclui 2 melodias da primeira). Estas melodias, que por si só garantem a celebridade mundial de Duparc, contam-se entre as suas maiores obras-primas do gênero: o poder expressivo, a perfeição de escrita vocal, o esplendor do acompanhamento, fazem delas modelos perfeitos de melodias francesas.